11 junho 2011

O EX-COMUNISTA É AGORA O IDEÓLOGO DA DIREITA*


Julgamento sumário
A memória das pessoas, principalmente das pessoas públicas, é condicionada pelo que a elas convém lembrar. As cerimónias oficiais de comemoração do 10 de Junho, foram mais uma oportunidade de ouvirmos, através do discurso de António Barreto, a hora apocalíptica que vivemos.
António Barreto refere-se a Portugal e aos seus governantes como se de duas populações se tratasse. Portugal, o bom povo enganado, os governantes, de que ele já fez parte, a perfídia que engana o povo. A perfídia dos últimos anos de governação do PS, como ficou bem subentendido, e não a perfídia
anterior, não os governantes anteriores, dos quais não se recorda.
António Barreto é de Portugal, mas não é português, fez política, mas não é político, fala da sintonia entre governantes e da sintonia entre o povo e os governantes, esquecendo-se que há medidas e reformas que são odiosas ao povo, que a luta política se alimenta dessa incompreensão para quebrar
os adversários. É assim agora, como o foi no passado, antigo e recente.
António Barreto apela ao apuramento de responsabilidades, mais uma vez na senda justicialista da punição das decisões políticas. António Barreto apela à revisão da Constituição, colocando nela o ónus dos governos minoritários, da falta de reforma na justiça, da falta de confiança entre os órgãos de soberania.
António Barreto assume a posição do Juiz em vez de assumir as suas opções políticas. Alterar a relação entre os vários órgãos de soberania significa um regime presidencialista ou um regime parlamentarista? Alterar o sistema eleitoral significa a possibilidade da existência de círculos uninominais, de duas câmaras, ou de considerar como expressos os votos em branco?
O Dia de Portugal serviu, mais uma vez, para alguém nos lembrar, do alto da sua tribuna, como somos feios, porcos e maus. Sem a mais pequena centelha de espírito inovador ou motivador, lembrando as gestas do povo, do bom povo português quando bem conduzido, os egrégios avós ressuscitaram apenas para morrerem de novo, arrepiados perante este julgamento sumário, comum, injusto e, cada vez mais, tristemente inútil.  em Defender o quadradodeSofia Loureiro dos Santos
* O comunista António Barreto regressou do exílio na Suiça depois do 25 d e Abril e foi engajado para ajudar a implantar o PS nos Açores.  Julgamos que aderiu nessa altura ao PS onde fez a sua curta caminhada até aderir às áreas do Pingo Doce.  Estive com ele nos Açores e não imaginaria personalidade tão multi facetada.  Portugal é o que é politicamente devido a uma espécie maleitazinha que ataca a coluna vertebral das suas "elites".

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