04 setembro 2011

ARRAIAL

Na América, Barack Obama tem-se visto negro para dar conta das contas do país. Em Itália, as coisas estão de tal modo que o primeiro-ministro Berlusconi se viu obrigado a uma forte contenção nas suas faustosas orgias. Em Espanha, o primeiro-ministro Zapatero vê-se a contas com um par de botas dos diabos. Cá entre nós, Passos Coelho está a passar as "passas do Algarve" para explicar que tendo dito que não aceitaria mais aumentos da carga fiscal, logo de entrada tenha arranjado um imposto extraordinário.
Na Região Autónoma da Madeira, que é um cantinho do céu e até é habitada por um povo superior; não há qualquer problema: aqui é arraial todos os dias. Ele é o de Santo António, o de S. João, o de S. Pedro, o do Monte, o arraial permanente e sempre surpreendente da ALM, o arraial de um sítio qualquer, um arraial de porrada no Penedo do Sono, no Porto Santo, ou em qualquer sítio em Câmara de Lobos. E o maior, mais folclórico e tórrido de todos: o arraial do PSD/M no Chão da Lagoa.
 No dia 1 de Julho, dia da Região, numa região de arraiais, este ano então foi de bota abaixo. Assim, a RAM acordou cheia de bandeiras, sinal claro de arraial. Bandeiras bonitas, de boa qualidade e bem confeccionadas, com cores bem combinadas. Não eram bem as bandeiras dos arraiais dos Santos Populares, ou da Senhora do Monte. Não eram bandeiras da Região ou do CF Os Belenenses, pois não tinham a Cruz de Cristo. Não eram bandeiras do sempre simpático "Uniãozinho da Bola" (Clube de Futebol União): eram bandeiras azul e amarelo, da defunta FLAMA. Dias depois, lá tivemos a segunda parte do arraial do dia 1 deste mês de Julho: AJJ afirma à imprensa, que se a República não resolver o problema das contas da Região, a FLAMA pode ressurgir e aponta como sinal do que dizia, o arraial do dia 1.
 Dias depois, na ALM, Tó Fontes, deputado do PND, um pândego desengonçado e simpático, assim a descambar para o louco, e a fugir para o génio; marcou mais uma página das dramáticas sessões da "Casa", ao apresentar e desfraldar em pleno hemiciclo, uma dessas bandeiras, que acusou de ser um dos objectos do crime, do folclórico dia da Região. O austero presidente da Assembleia interrompeu o arraial.
Nestes tempos de crise e abandalhamento, onde um produto pimba, parasita sem problemas um produto de qualidade e marca registada; o histórico arraial madeirense, imagem de marca da RAM, pode estar em risco de extinção tal como a obra de vime ou o bordado. Ou tal como as Juntas de freguesia e os Concelhos: em risco de redução, nestes tempos de contenção. A crise que atinge a Europa da toda poderosa Senhora Merkel e do desajeitado Sarkozy. A Venezuela do comandante Chaves e a África do Sul de Zuma, levou a que já não venham emigrantes capazes de pagar um arraial completo, com um arraial de vacas sacrificadas e transformadas em espetada. A crise, que por esta razão vai afectar o arraial madeirense e a espetada; vai arrastar consigo o vinhe seque e a poncha. A coisa está reles comum peste.
 Cada vida é uma história e cada dia é uma vitória

Sem comentários: