16 março 2009

OPORTUNISTAS DETESTAM GOVERNOS DE MAIORIA

Os políticos portugueses sempre detestaram maiorias. É histórico, pelo menos desde a Revolução Liberal. As maiorias não dão muito jeito aos troca-tintas e aos rapadores de tachos. Se há uma maioria, como é que eu rapo o tacho durante uma legislatura, sendo da oposição? Nada como as alianças políticas forjadas durante governos minoritários, em que há oportunidade para distribuir o bolo pelas clientelas, que, como se sabe, depois se estendem pelos amigos, todos competentíssimos. As maiorias têm outro contra, sobretudo quando têm à frente personalidades como Cavaco Silva ou Sócrates: não dão oportunidade de brilho nem aos opositores nem aos papagaios dos próprios partidos. Sendo assim, só resta minar tudo até voltarmos à dança das cadeiras, às jogadas de bastidores, aos governos a prazo. Nunca como agora, na nação valente, se uniram tanto patrões e sindicatos, instituições, pensadores, pára-quedistas da política, poetas, funcionários, contra um governo e contra um homem. Ele é a encarnação de todos os males e o príncipe de todos os defeitos. Tudo o que o seu governo faz não serve a ninguém. Até mesmo galinhas carecas cacarejam trivialidades para fazerem coro com a desgraça. Há uma certeza, porém: nunca sairemos disto.
ANTÓNIO GARCIA BARRETO -Escritor

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