23 novembro 2009

UMA NO PAPO OUTRA NO SACO


Jaime Gama surpreendeu quando, há duas semanas, numa conferência de líderes parlamentares, anunciou o fim de dois privilégios dos deputados: desdobrarem um bilhete de executiva em duas viagens em turística (o que lhes permitia levar acompanhante nas viagens oficiais) e angariarem bónus de milhas de voo por causa das viagens de avião.
Num primeiro momento ninguém protestou publicamente, embora fosse evidente um certo mal-estar. No final de contas, ninguém gosta de perder regalias.
Depois, no plenário, José Luís Arnaut (PSD), um dos campeões das viagens (na legislatura passada presidiu à comissão de Negócios Estrangeiros), sugeriu que se poderia fazer qualquer coisa com as milhas de voo dos cartões de viajante frequente dos deputados. Por exemplo, doar esses bónus a organizações não-governamentais. Ou, dito de outra forma: convertê-las num bem com destino colectivo. E só depois suspender a regalia. Jaime Gama recusou liminarmente a ideia. Disse que primeiro se suspendia a regalia; e só depois se veria o que fazer com os bónus.
Na semana passada, a "gestão" de Jaime Gama ao dossier das viagens dos deputados voltou a ser pretexto de nova intervenção de José Luís Arnaut. Numa reunião do seu grupo parlamentar, Arnaut criticou o chefe da bancada, José Pedro Aguiar-Branco, por este ter alegadamente apoiado as medidas moralizadoras anunciadas por Jaime Gama. Segundo Arnaut - que dirige no PSD o departamento de relações internacionais - Aguiar-Branco limitou-se a dar espaço a uma eventual candidatura presidencial de Jaime Gama
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Eis aqui um caso que poderia merecer uma campanha de indignação vinda do pombal solarengo... E nem são necessárias escutas porque o caso é escancarado.

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