REBELDES DE PAU DE BANDEIRA
Depois da varanda da Câmara de Lisboa, foi no alto do Parque Eduardo VII. A bandeira da monarquia tremulou neste país republicano. São dois actos de rebeldia, feitos na calada da noite, que levaram a esta emoção generalizada: "E então?!... Olha, passa-me as azeitonas", disse-se nas casas portuguesas. A bela bandeira - mais bela que a actual, reconhece este republicano - merecia melhor sorte do que lhe dá esta espécie de guerrilheiros do FLNJ. O Front de Libération des Nains de Jardin (Frente de Libertação dos Anões de Jardim), organização também clandestina e nocturna, rapta gnomos dos jardins das vivendas, pela Europa fora. Acção tão sem causa que só se presta a um sorriso - o FLNJ não quer mais, por isso ataca há anos. Mas suspeito que não é isso que querem os que içam a bandeira monárquica em paus imprevistos. Querem galvanizar as hostes neste ano em que os outros celebram o centenário. Ora, o encolher dos ombros (vá lá, um sorriso) perante a sua rebeldia retira o efeito. Um simples símbolo pode ser eficaz, pode. Mulheres de cara descoberta já mobilizaram Teerão - a simplicidade da rebeldia sublinhou a brutalidade da opressão. Já os dois actos irrisórios com a bandeira monárquica só conduzem a este lamento: rapazes, porque não se reciclam nas estatuetas de jardim. D.N. por Ferreira Fernandes
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