03 setembro 2011

ESTE GOVERNO SERÁ MESMO UMA AMEAÇA?

Uma coisa é controlar a despesa, outra bem diferente é brincar com o fogo” 
• Pedro Adão e Silva, UMA GRANDE TRANSFORMAÇÃO [hoje no Expresso]:
    ‘Em Portugal, onde o Governo não esconde a ambição de ir além da troika, a rutura só poderá ser mais intensa. Uma coisa é o necessário controlo da despesa, outra, bem diferente, é, com esse pretexto, brincar com o fogo, promovendo um enfraquecimento da comunidade e um diminuição da soberania. Como lembrava Helena Garrido esta semana no “Jornal de Negócios”, “Portugal tem de existir”. Eis dois exemplos que vão ter efeitos irreversíveis e que são, de facto, ameaças à existência de um país soberano, assente numa comunidade de pertença. O primeiro é a construção de um Estado Social de mínimos, dirigido aos mais pobres. Desde o ‘passe social’ com descontos ultraexclusivos à ASAE ter deixado de inspeccionar lares e creches de IPSS, passando pelo que se anuncia no acesso à saúde, abundam os exemplos em que do excesso de gratuitidade se evoluiu para uma retirada de benefícios às classes médias-baixas. Esta opção esquece que os direitos sociais fazem parte do código genético da nossa democracia e que são um mecanismo de legitimação política. Pura e simplesmente não existem democracias sem integração das classes médias. O segundo é um programa de privatizações que aliena uma fatia importante do que resta da nossa soberania. Vender ao desbarato empresas do sector energético ou das águas não é comparável com o processo de privatizações que ocorreu nos anos oitenta – e que obedeceu a uma necessária liberalização – é, sim, uma ameaça à independência do país, sem que se vislumbrem vantagens. Se este Governo fizer o que, levado pelas suas ilusões ideológicas pueris, ameaça, daqui a uns anos saberemos qual é a diferença entre ter uma comunidade que forma um país ou termos um conjunto de indivíduos e famílias.’

Sem comentários: