12 março 2009

ANTÓNIO BARRETO - ESCOLA E LEITURA



Escola e leitura António Barreto na revista ’Ler’, 2009
«Passaram 50 anos e, por razões diferentes, a escola hoje destrói a leitura. Seja com a análise estruturalista linguística dos textos, seja pela ideia de que escola tem de ser mais a acção e tem de ser mais projecto e mais mil coisas que fazem a nova escola. A leitura na escola é a última das preocupações.»

António Barreto na revista ’Análise Social’, 1995
«Portugal distinguiu-se, até aos anos 60, pela crónica incapacidade para escolarizar a população,evitar o analfabetismo e proporcionar aos cidadãos um grau satisfatório de instrução. Até finais da década de 60, os progressos foram extremamente lentos. A partir dessa altura verificou-se uma quase explosão escolar. Em menos de trinta anos, o analfabetismo jovem foi praticamente eliminado, enquanto sobra algum analfabetismo adulto, menos de 9% da população. No ensino secundário público (os actuais 10.° a 12.° anos), a frequência passou de cerca de 8000 para quase 300 000!»
Vale a pena perguntar algumas coisas a António Barreto:
- se estávamos melhor com uma escola que “preza” ou “cultiva” a leitura (ou pelo menos que não a “destrói”) num país que escolarizava uma pequeníssima parte de população, sendo que a maioria era analfabeta ou quase, como era há 50 anos.
- se a leitura, no que toca ao que se lia, como se lia, com que objectivo, etc., há meio século, pode continuar a ser ensinada e cultivada hoje da mesma forma numa escola secundária que passou de uma população de 8 mil alunos para 300 mil.
- o que encontrou na literatura científica para apoiar a sua conclusão, e o que mostra esta em relação ao efeito que as novas tecnologias têm sobre a leitura: é de substituição ou de complementaridade/sinergia?
É que, assim de repente, a conclusão que se pode inequivocamente tirar das últimas décadas é esta: nunca a população portuguesa leu tanto; e nunca esteve tão exposta às novas tecnologias e mobilizada para o seu uso.

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