28 junho 2011

SAIR DO EURO?

                                                                                                  
Ver as imagens  chegadas da Grécia que nos deixam a ideia de um país em guerra civil, divorciada da paz europeia, não estimulam pensamentos de unidade e apego ao projecto europeu antes nos faz crescer o pessimismo sobre o futuro dessa Europa   politica e económicamente unida, ao que parece inviabilizada pelos egoismos  nacionais, pela ausência de uma matriz identitária que cimente a unidade e pela ausência de lideranças fortes que não se limitem a cuidar da mera mercearia.  Nestas circunstâncias será curial que Portugal comece a cuidar de si,   preparar-se para recuperar a sua moeda e remeter-se à condição de pobrete e alegrete? Socorramo-nos para pensar o assunto da seguinte análise :
-Tenho muito respeito pelo Prof. João Ferreira do Amaral como economista.
Reconheço a correcção de muitas advertências e críticas que fez à forma como Portugal entrou no Euro.
E concordo com o essencial da sua análise (na SIC NOTICIAS, em entrevista ontem a José Gomes Ferreira) sobre as virtualidades, insuficiências e erros que detecta no Memorando de Entendimento assinado com a Troika, e no entendimento que Governo/PSD aparentemente fazem dele, incluindo a ineficácia que aponta à ideia de baixar a TSU para estimular a produção de bens exportáveis.
Mas já não concordo, fundamentalmente, com a defesa que o Prof. João Ferreira do Amaral faz de uma saída "ordenada" e "ajudada" de Portugal do Euro, como forma da economia voltar a crescer significativamente, nos permitir reduzir a dívida e regressar ao mercado para nos financiarmos.
O próprio Prof. João Ferreira do Amaral reconhece que negligencia as implicacões políticas da solução que preconiza.
Só que, de facto, politicamente uma saida do Euro significaria a saída de Portugal do projecto de construção europeia. E, de facto, não há garantia de "ajuda" nenhuma, para uma qualquer retirada "ordenada". Não há, nem haverá, por muito que nos esmifrassemos para a conseguir.
Uma qualquer iniciativa de Portugal no sentido de admitir agora, no actual contexto de crise europeia, uma saída do Euro, constituiria um grave golpe politico não apenas à sustentabilidade do Euro, como à própria sustentatabilidade do projecto de construção da União Europeia.
No mundo globalizado em que vivemos, desistir do Euro seria desistir da Europa. E desistir da Europa não pode, de maneira nenhuma, convir a Portugal e servir aos portugueses.[
AGomes]

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