24 janeiro 2012

Sobre “falar demais

pspO director da PSP, demitido ontem pelo ministro Miguel Macedo, disse sobre a austeridade menos do que o Presidente da República. Terá sido demitido por essas declarações, apesar da inconsistente justificação do ministro que alegou querer fazer “mudanças ao nível da direcção” mas nomeou para o substituir um dos adjuntos do demitido.
O que disse afinal o director demitido? Instado pela jornalista que o entrevistava, referiu-se ao mal-estar que se vive dentro da PSP:
É um mal-estar que grassa em toda a sociedade e a polícia está integrada na sociedade” (…) ”As restrições orçamentais e tudo aquilo que a lei do Orçamento impõe colide com as pessoas, colide com as expectativas de carreiras, promoções, expectativas salariais na polícia.”
O ministro negou na RTP que estas declarações tenham tido alguma coisa a ver com a demissão do director. Mas no Prós e Contras disse que “se fala demais”. Também não apresentou outras justificações mas deu a entender que o ex-director não lhe entregou um documento subscrito pela generalidade dos superintendentes da PSP queixando-se da “falta de decisões e de nomeações pela tutela”, isto é, queixando-se do próprio ministro. À RTP, o ministro afirmou: “eu tive essa carta nas minhas mãos no sábado de manhã (minuto 08h39). Contudo, segundo esta notícia, o ministro terá recebido esse documento na quarta-feira não se sabe entregue por quem.
Tudo somado, conclui-se que o ministro não gostou de ouvir o director da PSP falar das dificuldades da PSP, mas também não gostou que o director não lhe tivesse entregue um documentro onde os superintendentes diziam muito pior do que disse o director que o ministro demitiu.
Isto é, de tudo o que se ouviu nos últimos dias sobre austeridade, desde o Presidente e as suas reformas, até ao documento dos superintendentes, o director demitido foi o mais “suave”.
Será que o ministro é masoquista? Ou vai também demitir os superintendentes? E se pudesse demitia também o Presidente que falou muito mais que o director da PSP?
A demissão do director da PSP é uma história mal contada.
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