25 janeiro 2012

TORÇO PELA DERROTA DE SARKOZY

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Torço pela derrota de Nicolas Sarkozy nas presidenciais francesas, em maio. E não é porque o homem me desagrade totalmente, até lhe aprecio a truculência. Em matéria de presidentes não conheço pior defeito que o de ser cágado, o que aquele não é. Ele é dos que quando mente nos pisca o olho e quando fala não precisa de tradutor. Estou a vê-lo em cima do capot de um automóvel caso haja tiros na campanha, como aconteceu com Eanes, estou a vê-lo a falar com grandeur mesmo que se desdiga meses depois, como Soares, estou a vê-lo a ter sinceras preocupações com valores, como Sampaio - e não faço mais comparações caseiras (não comparo, por exemplo, a pequenez física de Sarkozy com mesquinhez nenhuma). Também não torço pela derrota de Sarkozy por eu ser adepto de algum dos seus adversários. De Marine gosto do nome mas carrega um apelido intragável. De François Bayrou só estou atento ao prognóstico que lhe fez Mitterrand: "Um homem que venceu a gaguez é de temer." De François Hollande falta saber até onde pode ir um eficaz homem do aparelho... O que me faz desejar o fim de Sarkozy é o meu egoísmo. Só isso. Acolhido com suspiros de alívio em 1940 por causa da guerra, Churchill ganhou-a, e perdeu as eleições em 1945, porque a guerra acabara. Os navios não se desfazem do capitão no meio da tempestade: a derrota de Sarkozy em maio significaria que a Europa estava a sair da crise

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