10 novembro 2009

A DIREITA COMEÇA A FAZER A FOLHA A OBAMA

UM HOMEM INTELIGENTE DA DIREITA PORTUGUESA NÃO RESISTE À TRAULITADA AMENA

Em Setembro de 2008, John McCain estava a ultrapassar Barack Obama. Depois veio o crash de Wall Street, Obama subiu entre os independentes nos swing states e ganhou. Por umas centenas de milhares de votos em meia dúzia de estados--chave.Isto foi o que aconteceu. Mas há quem veja aqui uma epifania, um milagre da vontade geral e popular. Talvez porque Rousseau era um espírito religioso e transpôs para a idade democrática a nostalgia da sacralidade perdida dos reis ungidos por profetas e santos...Quem agora unge e consagra são os media - os pivots das grandes cadeias de televisão -, gente notável, porque notória. Feliz o que lhes cai na graça, desgraçado o que lhes desperta embirração. Os primeiros são carismáticos, os outros párias.Barack Obama entrou para os primeiros. Independentemente dos oráculos tinha charme pessoal e um discurso integrador universal; também porque não se conseguia perceber - ideologicamente - o que era. E encarnava um mito americano e universal: o homem que vem do nada, que não é ninguém, e que chega ao topo de tudo, passa a primeiro dos homens.Por isso fizeram-no um destes Messias-Midas, que transformam em sucesso tudo o que tocam. Os europeus escolheram-no logo. Apesar disso, ganhou na América. Só que a ambiguidade inteligente perde muitos dos seus trunfos quando passa a poder e tem de escolher. A coligação anti-Bush ia dos activistas do lunatic fringle a conservadores escandalizados com o "partido dos ricos", com Cheney e os neocons. Agora no poder é diferente. Presidente, Obama tem de dividir águas e cumprir promessas das exigências da esquerda politicamente correcta às políticas complicadas e difíceis. Guantánamo continua aberto (afinal ninguém quer os "inocentes" ali encarcerados); as práticas e métodos da "guerra suja" antiterrorista seguem; o Afeganistão é um buraco que se alarga e onde tem de optar por reforçar rapidamente e em força ou abandonar; o Iraque piorou; a crise económica persiste; o plano de saúde passou à tangente nos Representantes e fracturou o Partido Democrático.As eleições dos governadores da Virgínia e de Nova Jérsia foram um aviso. Os números são expressivos: na Virgínia, Obama ganhara a McCain por 53% contra 47%; desta vez o republicano Bob McDonnell foi eleito governador com 59% dos votos contra 41% do democrata Creigh Deeds; em Nova Jérsia, um feudo democrático, o governador democrata Jon Corzine, bilionário, ex-senador e patrão da Goldman Sachs, perdeu por 49%-45% contra Chris Christie, um magistrado republicano.As sondagens continuam a dar aprovação a Obama. O Nobel chegou como um brinde, mas a magia acabou. (assim, sem mais nem menos - acabou!) no I
Jaime Nogueira Pinto

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