18 outubro 2011

O PREC DA DIREITA

18, 2011

O PREC DA DIREITA


Não foi por acaso que o governo escolheu a fórmula da eliminação dos subsídios de férias e de Natal dos pensionistas, funcionários públicos e trabalhadores do sector empresarial do Estado. Esta fórmula permite duas coisas. Primeiro, deixar de fora quem não aufere esses subsídios. É o caso, entre outros, dos políticos (antigos deputados, etc.) com direito a pensão vitalícia. Um político com pensão vitalícia não é um pensionista tout court, embora a sua renda saia do mesmo saco. Depois, e talvez mais importante, a fórmula permite que daqui a quatro ou cinco meses o governo promova cortes nos vencimentos e salários com o argumento de que ainda não o havia feito.

Se o governo fosse uma pessoa de bem, tinha inscrito a medida como “corte de 14,8% no rendimento anual bruto” dos pensionistas, funcionários públicos e trabalhadores do sector empresarial do Estado que auferem vencimentos e salários de valor igual ou superior a mil euros por mês. Mas ficava com margem de manobra reduzida para efectuar novos cortes.

Outra fórmula esdrúxula: «Os vencimentos situados entre o salário mínimo e os 1000 euros serão sujeitos a uma taxa de redução progressiva, que corresponderá em média a um só destes subsídios.» Mas, nas quase três horas de tempo de antena de que dispôs — conferência de imprensa no ministério das Finanças e monólogo na RTP —, Vítor Gaspar não referiu o coeficiente dessa taxa. A SIC diz que é 0,94175. É só fazer contas.

Voltando ao tempo de antena: o ministro das Finanças disse que o esforço ia durar «vários anos». Só eu é que ouvi? A gravação está disponível em vários suportes, mas a imprensa continua a bater na tecla 2012-13.

Tudo ponderado, esperamos que cada deputado do Partido Socialista esteja à altura da sua responsabilidade individual, votando contra o OE 2012, mesmo que o seu voto colida com o Diktat partidário

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