14 maio 2009

QUE PODERES TEM ESTE SENHOR PARA PRESSIONAR COLEGAS?

Se Lopes da Mota não estivesse colocado no Eurojust ter-se-ia falado de pressões? Não me parece, se bem conheço a miséria humana deste país um alto cargo em Bruxelas desencadeia muita dor de corno, a suficiente para que uma instituição como o Ministério Público contratar um ortopedista em regime de exclusividade. Alguém viu a oportunidade de abrir uma vaga apetecível e, ao mesmo tempo, lançar insinuações ao desbarato, foi como matar dois coelhos com uma cajadada.
É evidente que Lopes da Mota não só foi falar do que não devia como cometeu o erro de o fazer junto de colegas em que não poderia confiar, estes esperaram pelo fim da sobremesa e foram a correr para contar a boa nova ao senhor Palma, foi o que se viu.
No meio de tudo isto o Procurador-Geral fez justiça de Salomão, não podia ilibar Lopes da Mota pois isso colocaria em causa a credibilidade dos investigadores num momento em que o Ministério Público disputa a posição da Casa Pia em má imagem. Também não poderia condenar pois depois de tanta investigação o mais que conseguiu foram meros indícios, só não se entendendo o que um processo disciplinar pode concluir depois da investigação se ter ficado por meros indícios.
Agora Pinto Monteiro tem o resultado da sua manobra, apregoar o princípio da presunção da inocência para poder manter Lopes da Costa no cargo.
Enfim, mais uma figura triste do Ministério Público, uma instituição que tem tantos poderes que começa a haver motivos para recear que essa gente tem princípios e credibilidade suficiente para os usar. Nos últimos tempos não têm dado muitas provas disso, antes pelo contrário. Ainda alguém se lembra de dizer que o país vivia melhor sem este Ministério Público, fica caro, é ineficaz e só traz problemas ao país.
(in O JUMENTO)
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É perfeita e naturalmente possível que entre profissionais do mesmo ofício as conversas muitas vezes se circunscrevam a matérias da própria profissão, particularmente aquelas que implicam juízos muito subjectivos, de interpretação rigorosa de factos e de aplicação de jurisprudência. Na área da justiça será porventura aquela onde qualquer magistrado com casos entre mãos complexos e mediatizados não se privará de conferir a sua actuação com a experiência de colegas e nem estará livre de um colega lhe perguntar como vai essa coisa de que todo o mundo fala... E não estará também livre de ouvir do colega, por exemplo, coisas do tipo "estás frito", estás tramado", "ficas mal"... se não te apressas, se não provas isto ou deixas escapar aquilo e coisas do género. Parece no entanto estultícia alguém, com os poderes de um magistrado, a sua suposta preparação e com um estatuto de independência sem paralelo na sociedade, possa alguma vez invocar que é pressionado por alguém e muito menos por um dos seus iguais! Na condição de magistrado só será pressionado quem consentir a pressão e, se caso acontecer, a situação poderá também provar que o pressionado deve andar por ali a mais!... Então ele não é soberano no seu processo? Que me desculpem os que na justiça parece andarem em palpos de aranha, pois todos gostaríamos que ela fosse servida por gente de alto gabarito e que desse credibilidade a um País que deixa a impressão de andar toda a gente de calças nas mãos, a começar nos topos até cá em baixo. Poderemos concluir até não haver mesmo elites na verdadeira acepção da palavra que sejam exemplo de virtudes para os demais e que não passamos de cidadãos de um país dos "meia-tigela".O caso em apreço até parece que só tem servido para alimentar o "Cabaré da Coxa" da TVI e suas ramificações pela zona baixa da comunicação social.
Quem é, alguém de vergonha, que se sente bem a habitar um local destes!...

2 comentários:

Cartouche disse...

Fernando Charrua foi vítima de uma "pidesca delação" na sequência de uma conversa entre colegas. O Sr Lopes da Mota, em conversa com colegas (?!) fez "inadmissíveis pressões". E se tivessem um mínimo de contenção, deixassem de brincar ao cãozinho de Pavlov e esperassem pelo resultado do inquérito?

ABarroso disse...

Senhor de Cartouche
Condicionado, se calhar, por reacções pavlovianas, o senhor faz enormes confusões e compara o incomparável. Deve ser problema de professor de mal com a vida. O Charrua e a mostrenga que o atazanou não fazem parte do meu lote de preocupações. Não servem para exemplificar nada de positivo. Representam apenas a mesquinhêz que povôa este miserável país.