10 maio 2009

SOCRATES EXPLICA-SE


Numa entrevista de seis páginas publicada na edição deste domingo do «JN», Sócrates diz que só considera um cenário de maioria absoluta e não aceita sequer equacionar um plano B, de Governo minoritário, embora não o rejeite.
Frisando a necessidade de estabilidade em tempo de crise, o primeiro-ministro afirma que «os portugueses sabem que isso faz parte da escolha: como garantir um Governo que seja capaz de fazer face à crise, com uma orientação, um rumo, e que tenha condições para garantir a estabilidade política».
«A última coisa de que o país necessita é somar uma crise política a uma crise económica. Mas insisto num ponto: a melhor forma de resolver a questões de governabilidade e de estabilidade é uma maioria absoluta do PS. O que as sondagens revelam é que isso é bem possível», afirma José Sócrates.
E rejeita um cenário de coligação pós-eleitoral com o PSD, caso não consiga a maioria. «O bloco central é uma ilusão. A melhor forma de responder aos problemas do País é com uma maioria absoluta do PS. É o cenário com o qual lidarei e pelo qual me baterei. Porque esse é o meu dever».
«Não sou homem de desistir, nem o PS é partido para se pôr à margem das responsabilidades», afirma, mas adianta que pensar num «plano B enfraquece o plano A».
«Portugueses não querem apenas protestar contra a crise, querem sair dela
Questionado sobre se fará um discurso mais à esquerda, por estar preocupado com os votos que possam fugir para o Bloco de Esquerda, ou mais à direita, por causa do PSD, Sócrates garante que «não adapta o discurso em função das circunstâncias». «Não pedimos uma maioria absoluta com o objectivo de ter mais poder, mas para servir melhor os portugueses. O País precisa de um governo que se preocupe com o interesse geral, que não fique refém de ninguém, de um interesse particular, de interesses corporativos por mais respeitáveis que sejam», afirma o primeiro-ministro.
«Não desvalorizo as sondagens, mas julgo que os portugueses perceberão que o radicalismo não constrói nada. O voto no radicalismo é para contestar. Mas os portugueses não querem apenas protestar contra a crise, querem sair dela», diz Sócrates sobre uma eventual ameaça vinda do Bloco de Esquerda.
O primeiro-ministro adianta que é «natural» que haja algum descontentamento por parte dos portugueses. «Quando um Governo faz as mudanças que fizemos é natural que surjam descontentamentos, aproveitados por quem não quer ter responsabilidades ou não espera voltar a ter tão cedo responsabilidades de Governo».
«Alegre pertence ao PS»
«Não vejo nenhum embaraço para o PS», diz Sócrates sobre Manuel Alegre. «As alternativas estão bem claras: uma protagonizada pelo grande partido da Esquerda democrática, o PS, outra pela Direita. Manuel Alegre só ajuda na diversidade do PS», afirmou, adiantando que «as críticas leais e frontais são sempre positivas e inspiradoras».
«Manuel Alegre tem o lugar à sua espera. Pertence ao PS; é este o seu espaço político. Fez já uma declaração afirmando que está fora de causa sair do partido. Registo-a com muito agrado», adianta.
«O que acho é que foi um acto que merece a mais viva condenação, mas que culmina uma legislatura em que o PCP se especializou em organizar manifestações para insultar outros líderes políticos», disse Sócrates sobre agressões a Vital Moreira.
Questionado sobre se estava em condições de provar que o PCP que promoveu a agressão, Sócrates manteve-se convicto. «Se estou em condições de provar? O que estou em condições de provar é que nestes quatro anos eu próprio fui vítima disso. Em 2006, antes do Congresso do PS, quando ia a sessões do partido tinha à minha espera dirigentes da CGTP e do PCP a apuparem-me e a insultarem-me. (...)A pretensão do PCP de que nada teve a ver com o que se passou choca com a realidade: não há nenhuma agressão física que não seja precedida de agressão verbal. A agressividade e o radicalismo de linguagem foram lançados pelo PCP
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