20 janeiro 2010

PADRES - CELIBATO E OUTRAS QUESTÕES


Dinâmicos, solidários e disponíveis para ouvir as pessoas. Estas são as características que os padres devem ter, na opinião dos inquiridos numa sondagem realizada pela Universidade Católica de Braga. No inquérito, apresentado no Congresso Internacional sobre o Presbítero, a decorrer em Braga, os inquiridos deram menos importância ao celibato ou pobreza dos sacerdotes e mostraram-se também divididos em relação a dois temas polémicos na Igreja Católica: a ordenação das mulheres e o casamento dos sacerdotes.
"A componente humana e a relação com o outro são muito valorizadas. O celibato e as questões materiais são características mais desvalorizadas na imagem que os inquiridos têm do padre", afirmou ao DN Vera Duarte, professora da Faculdade de Ciências Sociais e responsável pelo inquérito. Se antes, a figura do padre era a de um homem austero e distante, agora as pessoas, católicas ou não, procuram valorizar outras qualidades como a generosidade, a humildade e a disponibilidade. "O padre que cativa a atenção das pessoas é o que fala para o povo", afirma Vera Duarte. Ou seja, num contexto de afastamento das pessoas da religião, acrescenta a professora da Universidade Católica, "o sacerdote que vai cativar mais é o que tem o lado mais humano e consegue chegar melhor às pessoas".
Este inquérito, realizado na zona de Braga, via telefone, a uma amostra de 599 pessoas maiores de 18 anos, mostra ainda que a imagem e o perfil do sacerdote condicionam a prática religiosa dos crentes. E mesmo os que não têm fé possuem uma opinião sobre os assuntos da Igreja Católica.
Para a maioria dos inquiridos, o padre deve dedicar-se exclusivamente ao sacerdócio e não ter outra actividade profissional. Mais de 60% das pessoas consideram ainda que este não se deve envolver na vida política.
Já o celibato e a ordenação dividem católicos e não católicos. E as respostas do inquérito nem sequer permitem traçar relações entre prática religiosa ou género e a opinião defendida. 49% dos inquiridos consideram que os padres devem poder casar, contra 46% que discordam. Em relação à ordenação de mulheres sacerdotes, as opiniões dividem-se igualmente: 46% concordam e 49% não.
"Não se pode dizer que os católicos ou as mulheres pensem de uma maneira e os não católicos de outra. É um assunto que está na esfera pública e as pessoas posicionam-se mesmo não tendo relação com a Igreja
", diz Vera Duarte.

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