02 outubro 2011

O FIM DO ROLO KODAK

por  F.FERNANDES                                                                 

 Na sexta-feira, um gigante com um daqueles nomes mundiais que nos acompanham pela vida, a Kodak, viu as acções em Wall Street esfarelarem-se a metade. Esse desastre levou-me, por contraste, a um filme inglês antigo, de 1951, O Homem do Fato Claro. Sid Stratton, um jovem químico interpretado por Alec Guinness, inventara o que ele supunha vir a ser um sucesso: uma fibra que fazia roupas que não se sujavam nem se estragavam. O fato eterno, enfim. Mas em vez de dinheiro e honras calhou a Stratton o despedimento e a perseguição. O patronato e os sindicatos dos têxteis juntaram-se para expulsar o inovador que fazia perigar uma indústria que lhes dava riqueza e trabalho... O Homem do Fato Claro deve fazer a Kodak suspirar de saudades. Como ela gostaria que aquela ficção se tivesse repetido na realidade. Como seria bom que a tradição de se meter numa máquina fotográfica um rolo de 24 ou 36 fotografias se mantivesse por séculos e séculos, tal como desde sempre as roupas são para constantemente se mudarem. Para a Kodak, de revolução bastava-lhe a do fundador, George Eastman, que inventara em 1888 a película fotográfica. Depois, uns pequenos retoques, do preto e branco às cores, e chega de modernices. Infelizmente para a Kodak, os inventores japoneses das câmaras digitais não foram despedidos antes de eles matarem a película fotográfica. Acabou o papel e o rolo histórico da Kodak.

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