07 outubro 2011

Silva Pereira acusa Cavaco Silva de ter mudar de discurso e de atitude consoante o Governo. O ex-ministro de Estado e da Presidência de José Sócrates diz que o segundo mandato do Presidente da República pode ser dividido em duas "fases bem distintas": a primeira de "intensificação do combate político ao Governo socialista" e a segunda de "convergência política com o Governo PSD-CDS".
"Duas fases, dois governos, duas atitudes, dois discursos presidenciais contraditórios", defende o antigo braço direito de Sócrates.
O ex-ministro socialista compara o discursos de Cavaco Silva na sua tomada de posse e o que o Presidente proferiu na cerimónia do 5 de Outubro para mostrar as diferenças. Silva Pereira defende que o "combate político" ao governo de Sócrates "iniciou-se com o discurso de tomada de posse do Presidente da Republica" em que este "conseguiu estar 45 minutos a descrever as dificuldades da economia portuguesa sem nunca fazer a mais pequena referência à maior crise internacional", "à crise das dívidas soberanas" e onde Cavaco Silva fez questão de não "insultar os mercados"".
"Que diz agora, poucos meses depois (mas já com novo Governo), o mesmo Presidente da República?", questiona. "Acredite-se ou não, começou, precisamente, por contextualizar a crise da economia portuguesa na crise internacional e na crise do euro! Não tinha passado o primeiro minuto de discurso e já o Presidente dizia: "No plano internacional, emergem sinais preocupantes de que a situação económica e financeira se poderá agravar de novo", sublinha.
Ao longo do artigo de todo o artigo de opinião hoje publicado no Diário Económico, Silva Pereira acusa Cavaco Silva de ter dois pesos e duas medidas, consoante a cor do Governo.
"O segundo mandato do Presidente da República evidencia, pois, duas fases bem distintas: a primeira, de intensificação do combate político ao Governo socialista, durou apenas alguns dias, iniciou-se com o discurso de tomada de posse do Presidente e terminou com a demissão do então primeiro-ministro. A segunda, de convergência política com o Governo PSD-CDS, teve início com o inusitado discurso orientador da governação proferido pelo Presidente no acto de posse do novo Governo e foi pontuada pela solidariedade política expressa na recente entrevista à TVI e neste discurso do 5 de Outubro", acusa o ex-governante agora na qualidade de jurista.
Em jeito de conclusão, Silva Pereira reconhece que "não deixaram de se ouvir no dia 5 de Outubro alguns dos tradicionais "avisos" do Presidente". Mas sublinha que "O Presidente vincou o "aviso" de que as medidas de austeridade devem ser acompanhadas de medidas que permitam "a curto prazo, sinais de recuperação económica". Assim diz que "em bom português" se pode resumir o que se passou foi isto: "o Presidente colou-se às medidas recessivas mas demarcou-se da recessão. E dali seguiu para o Palácio de Belém, para receber a visita de populares e turistas.

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