01 novembro 2011

COELHO DEFENDE MAIOR PROTAGONISMO DOS EUA


Rio de Janeiro - O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu  um papel acrescido dos Estados Unidos na busca de mecanismos para combater a crise mundial.
"Fala-se muito da crise na Europa e pouco da crise nos EUA, mas os EUA têm uma dívida muito superior à europeia e um défice externo bem maior do que o europeu. Eles precisam dar uma contribuição ainda maior para o fim da crise", declarou o primeiro-ministro em entrevista publicada hoje no jornal brasileiro "Folha de São Paulo".
Para Passos Coelho, esta questão precisa ser debatida na próxima reunião do G-20, que será realizada em Cannes, França, entre os dias 3 e 4 de novembro.
De acordo com o chefe de Governo português, o mundo irá crescer menos este e no próximo, não porque haja menos dinheiro, mas porque os investidores estão mais "céticos".
"Há muita poupança no mundo, que precisa voltar ao trilho do investimento", considerou.
Em sua opinião, os Estados Unidos são um dos grandes responsáveis por esta falta de confiança, por estar a crescer menos do que o seu potencial. "É preciso criar mais confiança também no mercado da dívida", reforça.
Questionado sobre as medidas de austeridade adotadas pelo governo português - opostas aos conselhos que a presidente brasileira, Dilma Rousseff, vem dando aos países em crise - Passos Coelho afirmou que Portugal também já passou por uma fase de expansão de crédito e de políticas públicas que, no entanto, não foram capazes de se sustentar.
"Ela [política de expansão] não foi sustentável e criou um custo fixo demasiadamente elevado para toda economia. Quando o crescimento começou a abrandar, o custo ficou lá", declarou.
Passos Coelho aproveitou ainda para advertir o Brasil, a dizer que se o país crescer acima do que pode sustentar enfrentará problemas no futuro.
Sobre como o Brasil poderia ajudar os países europeus a saírem da crise, o primeiro-ministro apontou a abertura de seus mercados, além da possibilidade de o país participar do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF).
"É muito importante que os grandes tratados entre Mercosul e Europa, por exemplo, propiciem maiores ganhos significativos para os dois lados, com menos protecionismo, mais abertura", defendeu.
"De outro lado, é preciso gastar mais com as economias que estão com mais dificuldade. Países como o Brasil podem dar uma ajuda muito importante, seja pelo GMI, seja pelo fundo europeu, que será alavancado também por fundos privados para os quais o Brasil pode contribuir", completou.
Passos Coelho esteve no Brasil nos dias 27 e 28 de outubro, onde realizou um encontro bilateral com a presidente Dilma Rousseff, antes de partir para Assunção, no Paraguai, onde participou da XXI Cimeira Ibero-Americana

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