REFERENDO GREGO
Papandreu pretendeu clarificar a vontade maioritária dos gregos sobre uma nova vaga de medidas de austeridade acordadas na referida cimeira, agora com a presença física em Atenas de uma brigada de fiscalização da troika. Não se esqueça que a oposição de direita na Grécia não tem a mesma prática de ‘patriotismo’ colaborante com o governo que se proclama entre nós como um imperativo. Votam sempre contra o governo do PASOK.
Os gregos não têm a mesma natureza passiva que o ‘Le Monde’ atribui aos portugueses perante a austeridade. Depois do conflito mundial, lançaram--se numa guerra civil sem mandantes nem procuradores. O consenso nacional dos gregos resume-se ao alfabeto e ao helenismo. Mesmo a Igreja Ortodoxa oscila no seu pedestal. Só a democracia os pode congregar. Foi pois lamentável e indecorosa a reacção franco-alemã ao anúncio do recurso ao referendo grego. Papandreu não é criatura de ninguém, mas Merkel e Sarkozy não vão encontrar melhor interlocutor em Atenas do que ele.
A UE já teve melhores dias económicos. Financeira e monetariamente, anda, literalmente, aos papéis. Internacionalmente, o seu peso diminui, e, pior do que isso, o seu próprio prestígio declina. Só lhe sobra assim o recurso à legitimação democrática dos seus Estados-membros para se fazer e refazer. Salvaguardar este espaço de liberdade e de democracia é ainda o maior recurso político para o futuro. É o verdadeiro santuário da UE
Por:Medeiros Ferreira CM
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