19 abril 2011

A NOSSA VELHA CRISE



Há por aí quem rejubile com a descoberta de que as agências de ‘fiscalização’ das dívidas soberanas estão nos bastidores da crise dos juros. Descobrem agora que está na voracidade dos interesses especulativos que dominam tais agências a origem das sucessivas crises financeiras. Ora, isso é mais ou menos a metáfora do ovo e da galinhEssas agências são todas norte--americanas, representam os interesses dos EUA e de um capital financeiro que não conhece cor nem dono, chame-se ele Obama ou Angela Merkel. A questão da nossa crise não está só aí. Também está aí, mas não exclusivamente. A nossa crise está numa economia pouco competitiva e dominada por meia dúzia de gigantes que labutam em mercados protegidos por monopólios ou por concessões e investimentos que dependem de luz verde política. A nossa crise está num sistema partidário fraco face ao poder financeiro, traduzido em governos sem rasgo, sem projecto e sem estratégia que não seja a navegação à vista e a respectiva gestão dos ciclos eleitorais. A nossa crise depende de um ministro das Finanças que não soube ser inflexível quando mais era necessário ou de outros que não souberam arrumar as contas públicas em tempo de vacas gordas. A nossa crise é velha e não é impulsionada por factores externos.  Ela está cá dentro e, em boa parte, somos nós todos. C.M.





A nossa velha crise

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