14 agosto 2011

O GOVERNO NÃO SE DÁ AO RESPEITO?...

Dizem que a troika já fala por cima do governo…

Não acompanhei as conferências de imprensa do ministro das Finanças e da troika mas enquanto almoçava ouvi no Jornal da Tarde da RTP1 o Pedro Santos Guerreiro a comentar a da troika, não poupando nas palavras.
Disse o director do Jornal de Negócios que a troika tinha falado “depois do Governo e por cima do Governo” e repetiu mais adiante – “a falar em vez do governo e antes do governo”. Disse também que isso era uma “falta de respeito institucional”. Exemplificou com a intervenção do representante do FMI que “deu uma ordem ao governo” sobre a TSU que devia subir para 6 ou 7% e não como o governo quer, e também lhe deu “uma instrução” ao dizer que não quer que haja selecção de empresas abrangidas “tem que ser igual para todos”. Acrescentou ainda Pedro Santos Guerreiro que a troika fez “curto-circuito” ao governo ao antecipar-se a anunciar a transferência do fundo de pensões dos bancos.
Fui tentar conferir com outras opiniões e encontrei esta análise de Nicolau Santos, neste caso sobre a conferência de imprensa do ministro.
Depois de referir a avaliação positiva feita pela troika, e de lamentar que uma vez mais os cortes na despesa não correspondem ao anunciado pelo governo, Nicolau Santos afirmou que o ministro se comportou como “um director-geral”, marcando uma conferência de imprensa para as 9 da manhã sem direito a perguntas dos jornalistas, deixando estas para a conferência de imprensa da troika. O director-adjunto do Expresso lamenta que “numa altura tão importante para o país” o ministro tenha feito uma declaração, deixando as respostas para os “seus superiores hierárquicos”.
Continuei à procura de encontrar algum contraditório a estas análises tão severas e encontrei este coro de críticas:
Comum a várias reacções foi a acusação ao Governo por alegado seguidismo à “troika”, ou mesmo por “subserviência”, como lhe chamou a CGTP. Acrescem as preocupações da esquerda e dos sindicatos com o impacto social das medidas e as preocupações do patronato com o impacto económico da subida do IVA.
Desisti de procurar mais e fiquei a pensar que o primeiro ministro vai certamente voltar de férias para pôr mão na troika e talvez no seu ministro, para que na próxima ocasião não deixe a troika “passar-lhe por cima”.

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